E eis que chegou o tão esperado dia.
Saiu de casa, não sem antes conferir a disposição dos fios de seu cabelo e a roupa "da moda" no espelho.
Queria impressionar... Carecia impressioná-la.
Carecia ou padecia! Não eram muitas as suas alternativas.
Caminhava pelas ruas e avenidas com a graça de uma girafa; sabia-se grandioso ... ou a grandiosidade do momento idealizado nas noites de insônia era suficiente para engrandecer qualquer formiga.
Certo era, que a cada passo sentia-se mais fora de si; e no segundo seguinte a roupa (escolhida com tamanho esmero para ocasião) já não lhe parecia adequada... e queria brigar com o vento: "Ora, vá! Pare de desalinhar meu penteado!"
E logo percebia, num fio de lucidez, quão estúpida soaria a frase.
Decidiu não se importar tanto com a aparência.
De certo que ela não atentaria demasiadamente pra isto... e no mais, expressava-se bem, tinha um certo charme na maneira de jogar os cabelos (desalinhados mesmo!) e em último desespero, não seria má jogada valer-se dos sentimentos do passado vivo.
Enfim... os pés o levaram ao lugar marcado.
Não havia ninguém e num ímpeto de mau agouro pensou na desistência! Só pensou... as pernas não lhe obedeciam mais.
Depois de eternos 10 minutos observando as criações humanas mais pífias, deteve seu olhar ao horizonte multicolorido que se aproximava.
A silhueta perfeita desenhada discretamente sob aquela "roupa de moda" (talvez ela também se preocupara com o visual) deixava qualquer orador sem fala.
Andava lentamente, como que a saborear o chão sob os pés... e saboreava! Tinha vida em cada centímetro de seu esguio corpo.
Ele ali... estarrecido, embasbacado: como ela pôde se mostar tão bela? Não bastavam as lembranças que ele possuía?
Os olhos encontraram-se.
Ele tremeu (por dentro! por fora,era uma rocha.), ela (docemente) sorriu.
E estava feito.
E cumprimentaram-se.
E sentaram lado a lado apaixonados pela situação.
Pela imagem refletida em cada pupila.
Ela fazia-se dona de uma delicadeza que jamais poderá ser descrita pela língua humana. Ele, fazia-se dela. E desfazia-se por ela, cada vez mais inteiro.
E tudo era sinfonia... olhos, mãos, dedos, sorrisos, palavras... Não. Não haviam palavras naquele diálogo. Eram inúteis. Tudo o que precisava ser dito era entregue pelos sinais que os livros não ensinam e que todos aprendem... lá pela aurora dos doze, treze anos.
Era amor. E mais que isso: era amor puro... sem as metidas letras sequenciais para lhe arrancar o sacrosanto do instante.
Eram um do outro desde sempre.
Ele respirou aliviado.
Ela, respirou segura.
E as coisas a serem ditas continuaram no silêncio.
Mas é um silêncio diferente.
O silêncio perfeito da mudez que se compreende... facilmente.
domingo, 14 de dezembro de 2008
sábado, 13 de dezembro de 2008
quinta-feira, 11 de dezembro de 2008
Será?
terça-feira, 9 de dezembro de 2008
Essas coisas do amor...
Eu controlava os canais da TV.
Eu controlava a temperatura do forno.
Controlava a velocidade do liquidificador.
Eu costumava controlar as calorias ingeridas.
Eu controlava os toques do telefone.
E quase sempre, minhas horas de sono.
Eu controlava o que dizer.
Eu controlava os atos.
Controlava as lembranças.
Eu controlava os olhares, as palavras e o tempo.
Cada sentimento era proposital e friamente controlado.
Até o dia de sua volta.
Até o dia em que você me trouxe de volta ao tão apaixonante caos.
PS: Bem feito pra mim não te esquecer!
Eu controlava a temperatura do forno.
Controlava a velocidade do liquidificador.
Eu costumava controlar as calorias ingeridas.
Eu controlava os toques do telefone.
E quase sempre, minhas horas de sono.
Eu controlava o que dizer.
Eu controlava os atos.
Controlava as lembranças.
Eu controlava os olhares, as palavras e o tempo.
Cada sentimento era proposital e friamente controlado.
Até o dia de sua volta.
Até o dia em que você me trouxe de volta ao tão apaixonante caos.
PS: Bem feito pra mim não te esquecer!
domingo, 7 de dezembro de 2008
O que vem pra nós?
Ontem eu fui dormir pensando em te deixar. Não sei qual dos erros dispostos a nós escolheste pra errar, mas ontem fui dormir com vontade de te deixar. Vontade de acordar hoje sem a tua lembrança, sem tuas ironias, sem teus pesares, sem teus sonhos e tuas pessoas, eu só queria te deixar. Queria mesmo porque ontem em algum momento eu me vi do jeito que eu me veria se pudesse ver, entende?
Ontem eu senti vontade de mandar você à merda, de falar que eu não lembro de droga nenhuma e que droga nenhuma me importa. Senti vontade de dizer que eu não acredito em nenhuma palavra que essa sua boca imunda pronuncia. Ontem fui dormir com vontade de te esquecer, de passar por essa sem você ou de (quem me dera!) nem passar por essa. Ontem me perguntei que diabos estou eu fazendo aqui? Que pouca coisa eu quero? Caramba, ontem eu vi muita coisa. Se você pudesses enxergar seria lindo porque aí eu te mostraria como eu sou consciente, como eu acredito no realismo e no caminhar lógico das coisas, como eu vou fazer pra te deixar. Não que eu não queira ficar, sei lá, ontem eu só fui dormir com vontade de te deixar. Só. De acordar hoje e te ligar e te dizer que é pra você me esquecer, esquecer dos sóis que perdemos e que não vão mais aparecer, do tanto de gente que pagava pra nos ver. Vai, esquece. E vai me desculpar, mas ontem eu vi, e queria que você visse também porque aí apertaríamos as mãos e acenaríamos como bons canalhas fazem prometendo não fazer guerra. Como só os bons de guerra fazem. E seria lindo, muita coisa seria linda. Mas, olha, eu tenho que te dizer e você precisa mesmo saber que ontem eu pensei em te deixar.
E hoje eu não sei mais.
domingo, 30 de novembro de 2008
domingo, 23 de novembro de 2008
domingo, 16 de novembro de 2008
-E se o show acabasse? Se em um milésimo de segundo lhe dissesse que jamais tive certeza de que você é a pessoa certa? Se é que existe tamanho absurdo...
-Do que você tá falando?
-Do fim.
-Enlouqueceu, amor?
-Como você se sentiria se eu simplesmente desaparecesse? (risos sarcásticos)
-Você tá bêbada?!?
-Fico imaginando a expressão vazia do seu rosto... buscando as respostas pra tamanha crueldade... sim! Porque você me julgaria cruel, insensível, desapegada...
-Ok. Se queria me assustar, conseguiu!
-Você passaria noites em claro olhando pras paredes do nosso quarto sentindo pena de si, de mim... No começo, provavelmente sentiria minha falta. Talvez até chorasse...
-Não vou ficar aqui ouvindo isso!!!
Levantou-se com um movimento brusco da cadeira. Ela segura seus braços e impede sua saída, e olhando desesperadamente em seus olhos, perde o poder de controlar o tom de sua voz:
-Depois seria o estágio da raiva. Você falaria mal de mim pra todos que conhecemos, desejaria meu sofrimento, minha falência, minha morte.
-Me solta!
-Ia descontar sua frustração em todas as mulheres que lhe dessem a chance de invadir seu mundo... Jamais esqueceria o que lhe fiz. Jamais entenderia a razão. Jamais amaria de novo.
-Eu, eu...
-Eu colocaria seu coração na minha vitrine, exposto com uma pequena lápide: "Aqui jaz o músculo mais inútel de todos. Perdedor, apenas, para seu dono." As pessoas passariam degustando sua angústia e apreciando sua dor... As mulheres desejariam que todos os que as machucaram tivessem o mesmo fim, e logo passaríamos de pequena loja à galeria. Depois shoppings... espalhados por todo o mundo com conteúdo idêntico: corações desestruturados! Incapazes de sentir, de fazer sentir, de amar...
-Meu Deus! Você está louca!!!
...
Num piscar de olhos, ela percebe-se na realidade.
As crianças à sua volta reclamam atenção enquanto aquela voz pede(?) com autoridade:
-Querida, o café!
sábado, 15 de novembro de 2008
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