quinta-feira, 16 de julho de 2009

Aquele negócio chamado sogra.

Não, eu não gosto da sua mãe.
Não é só porque sempre que ela vem nos visitar eu preciso dormir no sofá.
Até porque é ridículo acreditar que ela acredita que a gente ainda não transa.
Nem é pelo fato simples (e irritante!) dela não se preocupar nem por um segundo se eu estou assistindo o jogo ou o telejornal e trocar pro canal da novela mexicana.
Outra coisa que me dá nos nervos é aquela choradeira depois de ver o “Ruan beijar a Maria da Dores na frente da Dorotéia”.
Ela não teve adolescência, não?
Não aprendeu o que toda mãe ensina às filhas de treze anos? Que homem nenhum presta e que pouco se importam com as necessidades femininas, principalmente quando essas necessidades partem da própria esposa?
(você sabe que eu deveria ser estudado, amor. Inclua-me fora desse percentual de machistas, irresponsáveis e insensíveis. Te amo, bebê. =D).
Nem é por isso que eu não gosto da sua mãe.
Tudo bem que ela bebe meu iogurte especial, tira minha cerveja da geladeira, não dá descarga quando sabe que eu vou usar o banheiro em seguida, dá meu sapato de couro italiano pro Rex (traidor!) brincar e ainda faz minhas gravatas de guardanapo.
Nem ligo se ela me acha um inútil, um assalariadozinho de merda, preguiçoso e mal educado.
Também não dou bola quando ouço ela cochichar pelos cantos que você merecia coisa melhor, que eu deveria trocar de perfume porque o que uso cheira à banheiro público, que eu sou o homem mais mulherengo do universo, que tenho amantes até dentro dos bolsos e caio aos pés de qualquer uma que me dê bola (morra de inveja, Tiago Lacerda! Pra minha sogra, eu sou O cara!).
Eu não gosto da sua mãe, amor.
E não é por essas coisinhas banais da nossa pacífica (eu mereço o Oscar por essa!) convivência.
Eu não gosto da sua mãe por um motivo muito simples:
Desconfio mesmo; que ela não gosta de mim.

sexta-feira, 10 de julho de 2009

Pelo Rex.

O fato d’eu estar lhe enviando essa carta nada tem a ver com vontade de saber de ti.
Ou sequer saber se deseja saber de mim.
Tem é que aquela sua sandália de salto agulha ficou aqui em casa e não me deixa dormir.
Não, não pense que ela me traz lembranças maravilhosas! Nem que eu fico, às vezes, no escuro do quarto olhando aquele salto 15 e acreditando que logo logo você entra pela porta e diz pra eu te lembrar o horário do médico amanhã.
Ora bolas, é só uma sandália!
Claro que ela fica linda em qualquer uma. É óbvio que quase toda mulher tem aquela curvinha do pé um tantinho assim mais acentuada.
Não durmo com sua sandália porque acho estranho algo que não me pertence permanecendo em meu quarto.
Sou uma pessoa íntegra! Não é meu? Não quero.
Ah, sim! Aproveitando a oportunidade, é bom avisar também sobre sua calça jeans.
É... Aquela sim... Que deixa as curvas do seu corpo completamente irresis... digo, bonitinhas.
Como assim, o que é que tem?
Tem que eu preciso comprar roupas novas e sua calça pendurada em meu cabide ocupa muito espaço entre minhas coisas.
Por que não acredita?
Eu preciso, sim!
E nem adianta morder a parte direita e inferior dos lábios, como você sempre faz quando está nervosa.
Eu escrevo porque o assunto é fundamental para o bom funcionamento do meu lar sem você e seu banho pelando de quarenta minutos. Sem todo aquele seu romantismo depois de assistir comédia romântica na Sessão da Tarde, ou sem seus desfiles de lingeries novas pela casa.
Sem o jeito como a mesa do café da manhã era posta... com os guardanapos dobrados e uma florzinha singela no centro. Sem suas gargalhadas e olhares... sem seus beijos...
Bom, enfim!
Você ainda esqueceu um par de meias, uma escova de cabelo (aquela que você usava pra dar mais maciez), um pote de creme (o cheiroso, que você sempre usa antes de vir se deitar) e uma coisa que parece uma meia-calça.
É bom que venha buscar suas coisas.
Como disse, preciso de espaço e seus pertences não me deixam à vontade.
Mas é bom que você venha rápido, muito rápido. Correndo mesmo!
Urgentemente depressa!
É que além de tudo que eu disse... eu acho que o Rex tá com saudade.