Você e suas prosopopeias!
O jeito dramático de me tirar o ar quando tudo que eu mais quero é respirar por teu nome.
Esse rompante misterioso de doar-se completamente ao que o destino, Deus, suas melhores histórias ou tudo isso junto preparou para nos viver, faz cada dia valer a espera dos teus cílios em meus olhos.
(...)
Tá vendo o seu efeito?!?
Vê como eu fico idiota quando te vejo bem de perto, mesmo tão longe?!?
Ai, ai, ai...
Agora eu não sei o que quero dizer.
E eu tenho muito a dizer.
Sei do meu jeito inócuo de te levar comigo.
(...)
Tic,tac.
Tic,tac.
Tic,tac.
Relógio ao contrário é sinal do quê?
Eu digo amor.
Nós sabemos.
Melhor: sentimos!
(...)
Eu poderia escrever um livro sobre as coisas que sinto quando você simplesmente fala comigo. Aconte um negócio bem aqui... bem no meu estômago...
Tá, tá. Eu sei que essa não é a coisa mais romântica que alguém pode dizer, mas, mas... Estar perto de você faz o mundo parecer mais perfeito e é como se tudo que pode existir de mais divino acontecesse dentro de mim. Um momento sacrossanto onde o infinito faz sentido e os sonhos tem o mesmo sabor doce e encantador de quando nos enfeitiçamos naquele inverno tão surreal, com fogueiras incandescentes e mãos bailarinas ao som de nossa respiração.
Você é quem eu quero!
Sempre.
Não importa o que aconteça, onde estejamos ou quanto tempo tivermos que esperar.
A verdade berra em uníssono o silêncio perfeito das palavras que não precisamos dizer pra que tudo se resuma na perfeição dos sons que nossos corações fazem quando estamos juntos.
Amor.
Era amor aquela noite.
Foi amor naquela semana.
É amor ainda agora.
Será eterno enquanto o inalterável, o desmedido, o pra sempre existir.
Você tem em mim o que eu conheço por melhor;
Você me tem; em minha total pureza.
Eu te amo, eu te amo, eu te amo.
quinta-feira, 8 de julho de 2010
terça-feira, 23 de fevereiro de 2010
Desventuras no "Peixe/Índio Barrigudo" (GRS)
06:30
Acorda.
07:15
Sai de casa.
Corre, volta.
Cê esqueceu o celular, louca.
07:30
- Moço, onde eu consigo um táxi por aqui?
- Pergunta a mocinha ali da lanchonete. Ela deve ter o número de algum.
(...)
- Oi, tudo bem? O cara da banca disse que você pode ter o número de algum taxista...
- Ah, tá.
Sorri, anota, entrega.
07:35
Liga.
- Então... eu tô um pouco longe. Perto do...
- Ah, tá bom.Obg.
Outro número.
Caixa postal.
Volta até a banca.
- O senhor sabe onde fica o ponto de táxi?
- Não conseguiu o telefone?
(Ele ainda não havia entendido pela minha expressão facial que eu estava terrivelmente atrasada?)
- Não. O senhor sabe onde fica?
- Segue reto essa avenida, vira a esquerda, encontra a praça, achou.
(A avenida tinha cinco quarteirões.)
Corre, corre, corre, respira.
Corre, corre, corre.
Vai lesma!
Esbarra: ôpa! Desculpa!
(Corra, Gal, corra!)
07:45
Ponto de táxi.
Calma, respira, você já encontrou.
- Oi... Eu.. preciso... esse endereço... cinco minutos... dá?
- Qual é mesmo o nome da rua?
(Ele aparentava a idade do meu avô, usava óculos e tinha a língua levemente presa -ou aquilo era um sotaque quase italiano-, mas disse tudo o que eu queria ouvir.)
- Entra.
Rua, rua, rua.
Sinal fechado.
Reza estranhíssima e recém-criada pra fazer o sinal abrir.
Calor. Muito calor.
Respira, você já está a caminho.
Rua, esquina, vira, sobe ladeira - enooooorme - desce outra rua.
Chega!
- É aqui mesmo?
- ???
(Cara de 'seu-maluco-o-taxista-é-você-eu-nem-moro-aqui-como-posso-ter-certeza?')
Confere o número.
Alívio.
- É aqui sim. Obrigada.
- Nadaaa... Boa sorte.
- Um bom dia pro senhor.
Calor. Muito calor.²
Respira, se ajeita.
Entra.
Senta, conversa, faz a atendente sorrir, preenche formulário, entrega, aguarda.
- Glaúcia.
- Oi. Tudo bem?
Sorrisos. Bom sinal.
- Então... está com tudo aí?
- Aham. Só não tenho a carteira de vacinação. Isso eu não vejo desde que tinha dez anos...
(Sorriso amarelo tentando convencê-la de que era mero detalhe)
- Vamos resolver isso agora.
- ???
- Você vai nesse lugar aqui e vão te dar uma nova e blá blá blá.
- Tá bom.
- Depois volta aqui comigo.
- Ok. Tchau.
Anda.
Calor.
Calor dos diabos!
Desce ladeira.
Sol quente.
Atravessa.
- Ô, seu doido! Tá cego?!?
Desce ladeirinha.
Observa o ladeirão bem na frente torcendo pra que o lugar não fique no alto dele.
Bom... deveria ter criado uma rezinha pra isso também.
Sobe, sobe, sobe.
Cansa, pára, respira.
Sobe, sobe...
- Táqueopariu! Nâo chega, não?
Se informa.
Compra Coca. (Cola)
Encontra.
- Oi. A Cida me mandou... (esperando que uma delas entendesse)
- Ah, sim. Carteira de vacinação? (entenderam)
- Aham.
- Vem cá.
Pede documento.
Escreve.
- São três vacinas.
- ??? EU vou tomar?
- Vai. Ali, ô.
- Tem gotinha?
(Não tinha nenhuma gotinha)
Volta.
Entrega papelada com o braço feito queijo suíco.
Fonoudióloga gentil, médico japa com cara de chato, garota gente boa.
Tudo certo.
Casa.
E começa a confusão.
Na saída tento descobrir como chegar até a rua X usando um atencioso vovô que me indicou uma descida, uma virada à esquerda e um ponto de ônibus que me deixaria em frente (vamos frisar isso: EM FRENTE) ao teatro.
Desço, viro e cadê ponto de ônibus?
Avisto uma banca de jornal.
Sim, porque jornaleiro e taxista sabe até caminho de formiga.
Me aproximo com a cara mais bacana que eu sei fazer e dou-lhe bom dia de criança precoce que apresenta festival de desenhos nas manhãs do SBT.Ele me olhou por cima dos óculos, abaixou o jornal e fez um gesto com a boca que eu ainda tento qualificar entre 'oi, tudo bem?' e 'vá à merda!'.
- O senhor sabe onde fica um ponto de ônibus por aqui onde eu possa pegar algum que me leve até a rua X?
- Aaahh... Aqui não tem, não.
- Mas um cara lá em cima me disse que se eu descesse e virasse a esquerda, encontraria.
- Onde você tava?
(Soou estranho, mas achei melhor responder)
- Eu vim do lugar W.
- Mas o que é que cê tava fazendo lá?
- Pra quê o senhor quer saber?
- Então... só tem ponto de ônibus aqui em cima. Nessa rua até passa um, mas demora. Se você quiser esperar... Ou tá muito cansadinha?
(Esse cara é estranho...)
- Tô cansada. Vô esperar.
- Tô.
E me deu uma cadeira dobrável verde limão pra sentar.
Ok. O velhinho era meio pilhado (falei que nem aborrecente agora...lol), mas estava um calor infernal e ele havia me oferecido cadeira, água e um pouco de sombra.
Não, eu não sou besta.
- O senhor mora aqui há muitos anos?
- Alguns.
- Conhece o bairro M?
- E precisa morar aqui há muitos anos pra conhecer?
(Velho chato!)
- ... (cara de paisagem)
Ele riu.
Ou eu tava numa pu** TPM ou queria mesmo bater nele nesse instante.
- Eu conheço. Vccê pega ônibus tal, desce não sei aonde e lenga, lenga, blá, blá, blá...
- Hã... (O céu tá bonito, né?)
- Mas o quê que cê vai fazer lá?
(Mas quê isso?!? Ele tava treinando pra repórter investigativo?)
- Desculpa?!?
- Cê vai passear lá?
- É... (meio atônita com a invasão do desconhecido)
- Ah... sim.
Chega uma moça na banca. Deve ser filha dele.
Os dois começam a conversar sobre as travessuras de uma criança que havia enfiado arroz no ouvido. Era minha deixa.
Saí da cena do vô.
Fiquei só observando os carros e motoristas que passavam.
Conclusão da tese observativa: existem mais motoristas homens que mulheres em Guarulhos. E eles se distraem mais facilmente. ;)
Pára uma Blazer pra pedir informação (também) ao vô.
Essa eu queria ver!
O vô soltou aquele riso de Monalisa pro sujeito e eu quietinha já imaginado que pergunta ele faria.
Fiquei só imaginando mesmo.
O ônibus chegou.
Um detalhe: quando dei sinal, o motorista parou kms longe de mim. Fui virar pra dar tchauzinho pra Tititi de barba branca e meti a cara no poste.
Conclusão da minha insana mente: o véio era bruxo!
Entra no ônibus e surpresa: o motorista é vidente!
- O senhor passa na rua...
- Passa sim.
Melhor não contrariar.
PS: Guarulhos deve ser um grande circo.
Roda, roda, roda.
Sacode, sacode.
Roda.
Desce.
Desce uma moça comigo e parece estar à procura do mesmo lugar que eu.
Me adianto:
- Oi, você também vai pra rua X?
- Não. Eu tô procurando esse lugar aqui.
Adivinha que lugar era?
O mesmo onde esfolaram meu braço com as agulhas!
Quando eu digo que existem mistérios indecifráveis em Guarulhos... tsc, tsc.
- Ah, eu conheço. É bem ali, ô.
Reparem meu grau de informação.
Praticamente uma nativa, né?
Adaptação é tudo, baby! lol
Segue procurando o bendito emprego do bondoso amigo.
Anda, desce rua, sobe rua, tropeça, desvia.
Calor de fritar ovos na calçada...
Acheeeeeiii!
(Iúpiiiii, vivaaaa, fogos e pirotecnia)
- Ooooiii!!!
- Hey! Me achou! Foi difícil?
- Nada... Moleza!
(Muitos blás, blás, blás depois...)
- Ô: tem uma chave escondida atrás do bebedouro. Você enfia a mão pela janelinha da cozinha, pega e fica à vontade lá.
- Pôxa, fulano... Valeu mesmo!
(Mais blás, blás, blás e tchau)
PS2: Saí de lá quase convencida a respeito d'um possível futuro político na cidade por conta da quantidade de mãos que apertei em 15 minutos.
Enfim...
Anda, pergunta nome de rua e eis que me deparo com o estádio do Flamengo.
(Flamengo, meu time, carioca.)
(Flamengo, meu time, carioca, com uma 'sede' bem ali?!? Praticamente do lado da Av. Paulista?!? - eu disse que sou exagerada - Hein?!?)
Ouve cantada, pergunta nome de rua à cabeleleira parada na porta do salão:
- Segue reto aqui e quando você encontrar um barzinho na esquina, vira pra direita.
- Obg.
Anda, anda, anda.
Cantada. (esse bairro faz um beeem pro ego...)
Anda, anda, anda, anda, anda...
- Essa por** de bar não chega nunca, não?!?
Pensei muuuito alto.
Uma senhorinha me olhou meio torto.
PS3: Por** em São Paulo é tido como um palavrão terrível. Particularmente, acho caral** bem mais estrondoso e feio.
Eu estava cansada de andar, com fome, dor de cabeça por conta do Sol escaldante no meu cucuruto (dá-lhe, vovó!) e desesperadamente louca pra tomar banho.
Dava todos os meus CD's da Britney pela sequência chuveiro-aspirina-pratoGGdecomida-cama.
E God é bom: um mercado!
Yummi, yummi! Batata frita, Coca, chocolate! - eu comecei a malhar, tá?
Não era assim a comida da minha mãe, mas como ela mesma diz: "quem tem fome come até pedra!".
Sensibilize-se aqui, ó: http://blog.controversia.com.br/2008/07/12/para-enganar-a-fome-haitianos-se-alimentam-com-bolachas-de-terra/
Eis que no auge de minha fadiga: encontrei a casa do amigo!!!
Amém de joelhos!
Maaaasss (história comprida sempre tem um mas assim, né?)...
A sabedoria do povão diz que não se deve ir com tanta sede ao pote.
Poizé.
Eu fui.
Sedenta pela sequência acima descrita, enfiei a mão, o braço e toda minha 'estabanadez' pela janelinha da cozinha e derrubei gostoso o molho de chaves!
Gritem comigo: "Nãããããããããoooo!!!"
Paciência.
Não sou de lamúrias.
Olho em volta...
Alguma coisa deve servir pra tentar pegar as chaves do chão.
Hum... balde...vassoura...
Montei meu aparato: encostei o balde (de plático! olha a arte!) na parede e subi com a vassoura empunhada como uma arma!
Acontece que enquanto me sacrificava pra abrir a porta do paraíso, nem percebi que os olhos da vizinha dele me secavam da varanda.
Adivinharam?
Não?
Pois bem!
A muié pensou que eu estava descaradamente assaltando a casa do fulano!
E a criatura começou uma sessão de pigarros daquele tipo 'eu-tô-aqui-viu?', que evolui pra uma tosse de tuberculoso do tipo 'se-você-não-desistir-eu-ligo-pra-polícia!".
Olhei pra ela.
Encarei só pra ver se ela ia sentir medo de mim. (Who's bad?) lol
Ela se intimidou um pouquinho.
Sou coração mole; deu pena.
Abri o jogo.
Expliquei a situação.
Ela desconfiou mas me deu uma colher de chá quando avisei que ligaria pro fulano avisando que eu tinha feito meleca.
De um jeito muito doido acabei foi conquistando a moça e ela resolveu descer pra me ajudar.
E feito.
Estica de cá, puxa dali e pimba! A chave!
Pessoas... eu queira beijar ela!
Chuveiro-aspirina-pratoGGdecomida-cama aqui vou eu!
E God é good!
Tantas horas depois de tudo realizado, chega minha hora de voltar pra casa.
Ligo pro fulano, agradeço, conto a bagunça da chave e depois de ouvir todo o punk melódico do meu dia ele solta:
- Pô! Mas eu não disse que tinha uma cópia embaixo da escada?!?
Fiódaputa.
Agradeço.
Arrumo a bolsa.
Vou-me.
Pego o caminho de volta.
E enquanto observo os desenhos engraçados que as nuvens formam (alguém já viu um Papai Noel deitado numa prancha de surf segurando uma tangerina com uma das mãos? - eu vi!) acredito mesmo que Guarulhos é uma cidade caoticamente divertida, com pessoas gentis, taxistas 1/2 caducos, jornaleiros bruxos, motoristas videntes, coincidências gratificantes e vizinhas observadoras e corajosas.
Acho que vou gostar de viver ali.
The end.
Acorda.
07:15
Sai de casa.
Corre, volta.
Cê esqueceu o celular, louca.
07:30
- Moço, onde eu consigo um táxi por aqui?
- Pergunta a mocinha ali da lanchonete. Ela deve ter o número de algum.
(...)
- Oi, tudo bem? O cara da banca disse que você pode ter o número de algum taxista...
- Ah, tá.
Sorri, anota, entrega.
07:35
Liga.
- Então... eu tô um pouco longe. Perto do...
- Ah, tá bom.Obg.
Outro número.
Caixa postal.
Volta até a banca.
- O senhor sabe onde fica o ponto de táxi?
- Não conseguiu o telefone?
(Ele ainda não havia entendido pela minha expressão facial que eu estava terrivelmente atrasada?)
- Não. O senhor sabe onde fica?
- Segue reto essa avenida, vira a esquerda, encontra a praça, achou.
(A avenida tinha cinco quarteirões.)
Corre, corre, corre, respira.
Corre, corre, corre.
Vai lesma!
Esbarra: ôpa! Desculpa!
(Corra, Gal, corra!)
07:45
Ponto de táxi.
Calma, respira, você já encontrou.
- Oi... Eu.. preciso... esse endereço... cinco minutos... dá?
- Qual é mesmo o nome da rua?
(Ele aparentava a idade do meu avô, usava óculos e tinha a língua levemente presa -ou aquilo era um sotaque quase italiano-, mas disse tudo o que eu queria ouvir.)
- Entra.
Rua, rua, rua.
Sinal fechado.
Reza estranhíssima e recém-criada pra fazer o sinal abrir.
Calor. Muito calor.
Respira, você já está a caminho.
Rua, esquina, vira, sobe ladeira - enooooorme - desce outra rua.
Chega!
- É aqui mesmo?
- ???
(Cara de 'seu-maluco-o-taxista-é-você-eu-nem-moro-aqui-como-posso-ter-certeza?')
Confere o número.
Alívio.
- É aqui sim. Obrigada.
- Nadaaa... Boa sorte.
- Um bom dia pro senhor.
Calor. Muito calor.²
Respira, se ajeita.
Entra.
Senta, conversa, faz a atendente sorrir, preenche formulário, entrega, aguarda.
- Glaúcia.
- Oi. Tudo bem?
Sorrisos. Bom sinal.
- Então... está com tudo aí?
- Aham. Só não tenho a carteira de vacinação. Isso eu não vejo desde que tinha dez anos...
(Sorriso amarelo tentando convencê-la de que era mero detalhe)
- Vamos resolver isso agora.
- ???
- Você vai nesse lugar aqui e vão te dar uma nova e blá blá blá.
- Tá bom.
- Depois volta aqui comigo.
- Ok. Tchau.
Anda.
Calor.
Calor dos diabos!
Desce ladeira.
Sol quente.
Atravessa.
- Ô, seu doido! Tá cego?!?
Desce ladeirinha.
Observa o ladeirão bem na frente torcendo pra que o lugar não fique no alto dele.
Bom... deveria ter criado uma rezinha pra isso também.
Sobe, sobe, sobe.
Cansa, pára, respira.
Sobe, sobe...
- Táqueopariu! Nâo chega, não?
Se informa.
Compra Coca. (Cola)
Encontra.
- Oi. A Cida me mandou... (esperando que uma delas entendesse)
- Ah, sim. Carteira de vacinação? (entenderam)
- Aham.
- Vem cá.
Pede documento.
Escreve.
- São três vacinas.
- ??? EU vou tomar?
- Vai. Ali, ô.
- Tem gotinha?
(Não tinha nenhuma gotinha)
Volta.
Entrega papelada com o braço feito queijo suíco.
Fonoudióloga gentil, médico japa com cara de chato, garota gente boa.
Tudo certo.
Casa.
E começa a confusão.
Na saída tento descobrir como chegar até a rua X usando um atencioso vovô que me indicou uma descida, uma virada à esquerda e um ponto de ônibus que me deixaria em frente (vamos frisar isso: EM FRENTE) ao teatro.
Desço, viro e cadê ponto de ônibus?
Avisto uma banca de jornal.
Sim, porque jornaleiro e taxista sabe até caminho de formiga.
Me aproximo com a cara mais bacana que eu sei fazer e dou-lhe bom dia de criança precoce que apresenta festival de desenhos nas manhãs do SBT.Ele me olhou por cima dos óculos, abaixou o jornal e fez um gesto com a boca que eu ainda tento qualificar entre 'oi, tudo bem?' e 'vá à merda!'.
- O senhor sabe onde fica um ponto de ônibus por aqui onde eu possa pegar algum que me leve até a rua X?
- Aaahh... Aqui não tem, não.
- Mas um cara lá em cima me disse que se eu descesse e virasse a esquerda, encontraria.
- Onde você tava?
(Soou estranho, mas achei melhor responder)
- Eu vim do lugar W.
- Mas o que é que cê tava fazendo lá?
- Pra quê o senhor quer saber?
- Então... só tem ponto de ônibus aqui em cima. Nessa rua até passa um, mas demora. Se você quiser esperar... Ou tá muito cansadinha?
(Esse cara é estranho...)
- Tô cansada. Vô esperar.
- Tô.
E me deu uma cadeira dobrável verde limão pra sentar.
Ok. O velhinho era meio pilhado (falei que nem aborrecente agora...lol), mas estava um calor infernal e ele havia me oferecido cadeira, água e um pouco de sombra.
Não, eu não sou besta.
- O senhor mora aqui há muitos anos?
- Alguns.
- Conhece o bairro M?
- E precisa morar aqui há muitos anos pra conhecer?
(Velho chato!)
- ... (cara de paisagem)
Ele riu.
Ou eu tava numa pu** TPM ou queria mesmo bater nele nesse instante.
- Eu conheço. Vccê pega ônibus tal, desce não sei aonde e lenga, lenga, blá, blá, blá...
- Hã... (O céu tá bonito, né?)
- Mas o quê que cê vai fazer lá?
(Mas quê isso?!? Ele tava treinando pra repórter investigativo?)
- Desculpa?!?
- Cê vai passear lá?
- É... (meio atônita com a invasão do desconhecido)
- Ah... sim.
Chega uma moça na banca. Deve ser filha dele.
Os dois começam a conversar sobre as travessuras de uma criança que havia enfiado arroz no ouvido. Era minha deixa.
Saí da cena do vô.
Fiquei só observando os carros e motoristas que passavam.
Conclusão da tese observativa: existem mais motoristas homens que mulheres em Guarulhos. E eles se distraem mais facilmente. ;)
Pára uma Blazer pra pedir informação (também) ao vô.
Essa eu queria ver!
O vô soltou aquele riso de Monalisa pro sujeito e eu quietinha já imaginado que pergunta ele faria.
Fiquei só imaginando mesmo.
O ônibus chegou.
Um detalhe: quando dei sinal, o motorista parou kms longe de mim. Fui virar pra dar tchauzinho pra Tititi de barba branca e meti a cara no poste.
Conclusão da minha insana mente: o véio era bruxo!
Entra no ônibus e surpresa: o motorista é vidente!
- O senhor passa na rua...
- Passa sim.
Melhor não contrariar.
PS: Guarulhos deve ser um grande circo.
Roda, roda, roda.
Sacode, sacode.
Roda.
Desce.
Desce uma moça comigo e parece estar à procura do mesmo lugar que eu.
Me adianto:
- Oi, você também vai pra rua X?
- Não. Eu tô procurando esse lugar aqui.
Adivinha que lugar era?
O mesmo onde esfolaram meu braço com as agulhas!
Quando eu digo que existem mistérios indecifráveis em Guarulhos... tsc, tsc.
- Ah, eu conheço. É bem ali, ô.
Reparem meu grau de informação.
Praticamente uma nativa, né?
Adaptação é tudo, baby! lol
Segue procurando o bendito emprego do bondoso amigo.
Anda, desce rua, sobe rua, tropeça, desvia.
Calor de fritar ovos na calçada...
Acheeeeeiii!
(Iúpiiiii, vivaaaa, fogos e pirotecnia)
- Ooooiii!!!
- Hey! Me achou! Foi difícil?
- Nada... Moleza!
(Muitos blás, blás, blás depois...)
- Ô: tem uma chave escondida atrás do bebedouro. Você enfia a mão pela janelinha da cozinha, pega e fica à vontade lá.
- Pôxa, fulano... Valeu mesmo!
(Mais blás, blás, blás e tchau)
PS2: Saí de lá quase convencida a respeito d'um possível futuro político na cidade por conta da quantidade de mãos que apertei em 15 minutos.
Enfim...
Anda, pergunta nome de rua e eis que me deparo com o estádio do Flamengo.
(Flamengo, meu time, carioca.)
(Flamengo, meu time, carioca, com uma 'sede' bem ali?!? Praticamente do lado da Av. Paulista?!? - eu disse que sou exagerada - Hein?!?)
Ouve cantada, pergunta nome de rua à cabeleleira parada na porta do salão:
- Segue reto aqui e quando você encontrar um barzinho na esquina, vira pra direita.
- Obg.
Anda, anda, anda.
Cantada. (esse bairro faz um beeem pro ego...)
Anda, anda, anda, anda, anda...
- Essa por** de bar não chega nunca, não?!?
Pensei muuuito alto.
Uma senhorinha me olhou meio torto.
PS3: Por** em São Paulo é tido como um palavrão terrível. Particularmente, acho caral** bem mais estrondoso e feio.
Eu estava cansada de andar, com fome, dor de cabeça por conta do Sol escaldante no meu cucuruto (dá-lhe, vovó!) e desesperadamente louca pra tomar banho.
Dava todos os meus CD's da Britney pela sequência chuveiro-aspirina-pratoGGdecomida-cama.
E God é bom: um mercado!
Yummi, yummi! Batata frita, Coca, chocolate! - eu comecei a malhar, tá?
Não era assim a comida da minha mãe, mas como ela mesma diz: "quem tem fome come até pedra!".
Sensibilize-se aqui, ó: http://blog.controversia.com.br/2008/07/12/para-enganar-a-fome-haitianos-se-alimentam-com-bolachas-de-terra/
Eis que no auge de minha fadiga: encontrei a casa do amigo!!!
Amém de joelhos!
Maaaasss (história comprida sempre tem um mas assim, né?)...
A sabedoria do povão diz que não se deve ir com tanta sede ao pote.
Poizé.
Eu fui.
Sedenta pela sequência acima descrita, enfiei a mão, o braço e toda minha 'estabanadez' pela janelinha da cozinha e derrubei gostoso o molho de chaves!
Gritem comigo: "Nãããããããããoooo!!!"
Paciência.
Não sou de lamúrias.
Olho em volta...
Alguma coisa deve servir pra tentar pegar as chaves do chão.
Hum... balde...vassoura...
Montei meu aparato: encostei o balde (de plático! olha a arte!) na parede e subi com a vassoura empunhada como uma arma!
Acontece que enquanto me sacrificava pra abrir a porta do paraíso, nem percebi que os olhos da vizinha dele me secavam da varanda.
Adivinharam?
Não?
Pois bem!
A muié pensou que eu estava descaradamente assaltando a casa do fulano!
E a criatura começou uma sessão de pigarros daquele tipo 'eu-tô-aqui-viu?', que evolui pra uma tosse de tuberculoso do tipo 'se-você-não-desistir-eu-ligo-pra-polícia!".
Olhei pra ela.
Encarei só pra ver se ela ia sentir medo de mim. (Who's bad?) lol
Ela se intimidou um pouquinho.
Sou coração mole; deu pena.
Abri o jogo.
Expliquei a situação.
Ela desconfiou mas me deu uma colher de chá quando avisei que ligaria pro fulano avisando que eu tinha feito meleca.
De um jeito muito doido acabei foi conquistando a moça e ela resolveu descer pra me ajudar.
E feito.
Estica de cá, puxa dali e pimba! A chave!
Pessoas... eu queira beijar ela!
Chuveiro-aspirina-pratoGGdecomida-cama aqui vou eu!
E God é good!
Tantas horas depois de tudo realizado, chega minha hora de voltar pra casa.
Ligo pro fulano, agradeço, conto a bagunça da chave e depois de ouvir todo o punk melódico do meu dia ele solta:
- Pô! Mas eu não disse que tinha uma cópia embaixo da escada?!?
Fiódaputa.
Agradeço.
Arrumo a bolsa.
Vou-me.
Pego o caminho de volta.
E enquanto observo os desenhos engraçados que as nuvens formam (alguém já viu um Papai Noel deitado numa prancha de surf segurando uma tangerina com uma das mãos? - eu vi!) acredito mesmo que Guarulhos é uma cidade caoticamente divertida, com pessoas gentis, taxistas 1/2 caducos, jornaleiros bruxos, motoristas videntes, coincidências gratificantes e vizinhas observadoras e corajosas.
Acho que vou gostar de viver ali.
The end.
domingo, 21 de fevereiro de 2010
domingo, 7 de fevereiro de 2010
O cabelo é bom. O coração, nem sempre.
Eu não gosto de hipocrisia.
Eu não gosto de gente covarde.
Eu não gosto de falta de bom senso.
O que eu faço com espécies da sua laia, hein?
Essas coisas inumanas que rastejam pelos cantos da vida procurando brilho nas estrelas dos outros; que são incapazes de reconhecer o que a tecla SAP da grandeza interna traduz a respeito da dignidade; que precisam (por falta de alternativa inteligente) ser condizentes com o senso comum mais inadequado a fim de se sentirem um pouquinho menos insignificantes.
Você não mete medo.
Nem dó eu sinto.
É só um grande asco.
As paredes limitadas das suas idéias fracas não conseguem sequer conter seu desespero e me permitem enxergar claramente a incapacidade de evolução dessa coisa esquisita na qual o tempo, as oportunidades perdidas, as mágoas ou qualquer outra desculpa que queira experimentar te transformou.
É repugnante perceber que possuir voz serve somente para lhe fazer vibrar as cordas vocais.
Não acredite nem por um decreto que de alguma maneira consegue me atingir.
A razão verdadeira é que eu simpatizo com esse troço chamado justiça.
Ah! Tem mais!
A ilusão é péssima conselheira e como eu sou uma pessoa beeeem bacana faço o favor de relembrar: você NÂO BANCA O MEU SIM pra qualquer tipo de discussão.
Não, não é pretensão minha.
É burrice sua.
Afinal, convenhamos: argumentos sólidos podem ser derrubados, idéias podem ser renovadas e até algumas atitudes indecentes podem ser convertidas; mas pra diarréia cerebral só há um remédio, pessoa: descarga!
Resumo do rock: minha cabeça não é degrau nem pra quem amo. Quiçá pra quem desprezo.
Eu não gosto de gente covarde.
Eu não gosto de falta de bom senso.
O que eu faço com espécies da sua laia, hein?
Essas coisas inumanas que rastejam pelos cantos da vida procurando brilho nas estrelas dos outros; que são incapazes de reconhecer o que a tecla SAP da grandeza interna traduz a respeito da dignidade; que precisam (por falta de alternativa inteligente) ser condizentes com o senso comum mais inadequado a fim de se sentirem um pouquinho menos insignificantes.
Você não mete medo.
Nem dó eu sinto.
É só um grande asco.
As paredes limitadas das suas idéias fracas não conseguem sequer conter seu desespero e me permitem enxergar claramente a incapacidade de evolução dessa coisa esquisita na qual o tempo, as oportunidades perdidas, as mágoas ou qualquer outra desculpa que queira experimentar te transformou.
É repugnante perceber que possuir voz serve somente para lhe fazer vibrar as cordas vocais.
Não acredite nem por um decreto que de alguma maneira consegue me atingir.
A razão verdadeira é que eu simpatizo com esse troço chamado justiça.
Ah! Tem mais!
A ilusão é péssima conselheira e como eu sou uma pessoa beeeem bacana faço o favor de relembrar: você NÂO BANCA O MEU SIM pra qualquer tipo de discussão.
Não, não é pretensão minha.
É burrice sua.
Afinal, convenhamos: argumentos sólidos podem ser derrubados, idéias podem ser renovadas e até algumas atitudes indecentes podem ser convertidas; mas pra diarréia cerebral só há um remédio, pessoa: descarga!
Resumo do rock: minha cabeça não é degrau nem pra quem amo. Quiçá pra quem desprezo.
terça-feira, 29 de dezembro de 2009
"Você tem que apertar o play, cara!"
A gente tem de ter presença na quadra.
Como uma onça; não como um chimpanzé.
O chimpanzé balança os colchões o dia inteiro pra conseguir.
A onça se movimenta com total indiferença no seu caminhar sexy e vagaroso.
Eu?
Jogo como uma onça!
Como uma onça; não como um chimpanzé.
O chimpanzé balança os colchões o dia inteiro pra conseguir.
A onça se movimenta com total indiferença no seu caminhar sexy e vagaroso.
Eu?
Jogo como uma onça!
sábado, 14 de novembro de 2009
Até breve.
Eu nunca me esquecerei de você.
Nem daquelas tardes nas quais a peraltice de minha infância carecia e reclamava teus cuidados tão gentis.
As muitas horas que passei ouvindo seus sinceros clamores pra que eu mantivesse os chinelos nos pés. Ou as outras tantas em que sua voz e uma levíssima ameaça de entregar minhas travessuras à mainha, embalavam toda minha molecagem.
““- Bota o casaco, minha filha!" ;” – Tá com fome, meu anjo?” ;” – Desce daí, menina!” – eram frases tão casuais quanto a saudade que hei de manter agora.
Você me ensinou tudo o que um bom coração precisa saber pra alcançar a paz.
A humildade sem submissão, a bondade livre de interesses, a gentileza sem exibicionismo, o amor simples e puro.
Você foi muito mais do que “a vó que cozinhava ovo sem gema pra mim”, ou que fazia o sinal da cruz na minha testa todas as vezes que precisei partir.
Você me acompanhou, amparou e protegeu muito além da delicadeza que eu nem sempre pude perceber e rabiscou algumas das mais importantes linhas desse projeto que vive se aperfeiçoando.
Você foi a bonequinha de louça que conseguia derrubar gigantes com o sorriso mais doce e otimista do mundo.
Que acreditava no bem, pelo fato pueril dele compor a parte mais linda dessa delícia que atendia pelo nome de Zilda.
Vovó, pra os mais íntimos.
Eu chorei um tanto na tarde do dia 15 de outubro de 2009.
A sensação foi a de que um pedaço da minha história estava sendo apagado.
Sensação absurdamente tola.
Você não se apagou; você jamais se apagará.
Enquanto eu viver, algumas das tardes terão aquele pôr-do-sol fascinante e um gostinho dos doces que ficavam escondidos num cantinho da gaveta, só me esperando chegar.
E em tardes assim, vovó, você permanecerá viva.
Em mim, e em tudo o que eu possa fazer.
Eu te amo, minha bonequinha.
Descanse em paz.
Nem daquelas tardes nas quais a peraltice de minha infância carecia e reclamava teus cuidados tão gentis.
As muitas horas que passei ouvindo seus sinceros clamores pra que eu mantivesse os chinelos nos pés. Ou as outras tantas em que sua voz e uma levíssima ameaça de entregar minhas travessuras à mainha, embalavam toda minha molecagem.
““- Bota o casaco, minha filha!" ;” – Tá com fome, meu anjo?” ;” – Desce daí, menina!” – eram frases tão casuais quanto a saudade que hei de manter agora.
Você me ensinou tudo o que um bom coração precisa saber pra alcançar a paz.
A humildade sem submissão, a bondade livre de interesses, a gentileza sem exibicionismo, o amor simples e puro.
Você foi muito mais do que “a vó que cozinhava ovo sem gema pra mim”, ou que fazia o sinal da cruz na minha testa todas as vezes que precisei partir.
Você me acompanhou, amparou e protegeu muito além da delicadeza que eu nem sempre pude perceber e rabiscou algumas das mais importantes linhas desse projeto que vive se aperfeiçoando.
Você foi a bonequinha de louça que conseguia derrubar gigantes com o sorriso mais doce e otimista do mundo.
Que acreditava no bem, pelo fato pueril dele compor a parte mais linda dessa delícia que atendia pelo nome de Zilda.
Vovó, pra os mais íntimos.
Eu chorei um tanto na tarde do dia 15 de outubro de 2009.
A sensação foi a de que um pedaço da minha história estava sendo apagado.
Sensação absurdamente tola.
Você não se apagou; você jamais se apagará.
Enquanto eu viver, algumas das tardes terão aquele pôr-do-sol fascinante e um gostinho dos doces que ficavam escondidos num cantinho da gaveta, só me esperando chegar.
E em tardes assim, vovó, você permanecerá viva.
Em mim, e em tudo o que eu possa fazer.
Eu te amo, minha bonequinha.
Descanse em paz.
domingo, 6 de setembro de 2009
Ligue os pontos.
O Sol pra Lua
Saia pra nua
Asfalto pra rua
Remédio pra cura
Merthiolate pro corte
Trevo pra sorte
Sul pro Norte
Noiva pro dote
Havaianas pro pé
Cabeça pro boné
Bola pro Pelé
Acento pro é
E pra quem eu...?
E pra quem eu...?
Dedo pro violão
Desejo pra paixão
Artéria pro coração
Calor pro verão
Ondas pro mar
Canção pra ninar
Ladrão pra roubar
Voz pra falar
Túnel pra fugir
Carteira pra dirigir
Sono pra dormir
Emoção pra sentir
E pra quem eu...?
E pra quem eu...?
Água pra beber
Flor pro bem querer
Carta pra remeter
E pra quem eu? E pra quem eu?
Eu só se for pra você.
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